Pensa assim: agora tá insuportável, agora querias sair do teu corpo,
encarnar num felizardo, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa
inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez
segundos depois da frase passada. Tua dor já é dez segundos menor do que
duas linhas atrás. Achas que não, porque esperar a dor passar é como
olhar um navio no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí
tu desvias o olhar, tomas um café, lês uma revista, dás um pulo ao mar e
quando vais ver o barco já tá lá longe. A tua dor agora, esse fogo na
tua barriga, – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma
memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias.
A vida é incontornável. Perdemos, levamos empurrões, somos deixados para trás, caímos. Dói, dói demasiado. Mas passa.
Estás a ver essa dor que agora dança no teu peito com uns saltos agulha? Tu ainda a vais olhar no fundo dos seus olhos e rir da cara dela.
Eu juro que vai passar
A vida é incontornável. Perdemos, levamos empurrões, somos deixados para trás, caímos. Dói, dói demasiado. Mas passa.
Estás a ver essa dor que agora dança no teu peito com uns saltos agulha? Tu ainda a vais olhar no fundo dos seus olhos e rir da cara dela.
Eu juro que vai passar